quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ASPAS AO VENTO

Se há uma coisa que me deprime é esse negócio de falar fazendo aspas com os dedos.


Quem faz isso já não é mais uma pessoa confiável. Primeiro porque as aspas são um sinal de pontuação, usado quando se quer fazer uma citação qualquer. Segundo que as aspas cairam em desgraça quando alguém resolveu usá-las para querer dizer outra coisa que não o que está escrito. Uai, se é pra isso, então por que não usar a palavra correta?



Comecei a desconfiar que esse negócio das aspas entre palavras ou frases que querem dizer o contrário começou com essa porqueira desse politicamente correto. Para ser politicamente correto, é proibido dar nome aos bois, chamar as coisas pelos seus nomes, falar às claras. Não. Politicamente correto é disfarçar, distorcer, disformar e outros dis, exceto discernir.

Também reparei que tem gente que faz aspas com os dedos no ar (ai, que tenho um troço!) para designar sarcasmo. Isso é falta de imaginação ou falta de cultura ou falta de educação, falta de alguma coisa que venha sem aspas.

Quando dou com gente que faz aspinhas com os dedos no meio da frase, o espírito se me revolta, já começo a achar que nem um balde de fluoxetina será suficiente pra me tirar daquele estado letárgico do pânico e, pra me proteger um pouco, respiro no saco, vôo para HORDÁLIA (qualquer dia falo sobre ela) e vou dando passos de formiguinha até chegar a um local seguro, longe do aspeador dedural, donde saio em disparada pro consultório da psiquiatra.

Aí ela me garante que logo mais estarei completamente curada. Mas bem que eu queria ver quem começou com isso das aspas com os dedos trancado em um cubo cheio de talco Cashmere Bouquet. Com o ventilador ligado.




foto surrupiada de Beto RibeiroDesculpaê. Mulher de classe média da era Lula da Silva não tem câmera pra tirar as próprias fotos. Ainda faço uma campanha no Luciano Huck pra ganhar uma.