segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

SCARLETT O´HARA E OS DEPRIMIDOS

Quando a gente ta deprimida, tem muito tempo pra pensar e pra assistir a TV a cabo. No meu caso nem sempre é bom pensar, mas às vezes insisto, principalmente quando ta passando Ghost Whisperer na TV a cabo. Até meu controle remoto desliga sozinho a TV quando isso começa.


Pensando bem, acho que a minha depressão começou logo depois que fui alfabetizada. Ganhei o livro POLLYANNA e decidi lê-lo. Os pais da gente deviam censurar esse tipo de leitura, sob pena de criarem futuros deprimidos. Nunca vi nada mais imbecil e aterrorizante que o JOGO DO CONTENTE da Pollyanna. Eu tinha medo dela...

E agora estou eu aqui, com esse troço de depressão, que não é tristeza, viu gente? É De-pres-são! Tristeza a gente tira de letra. Arrumar armário é um santo remédio pra tristeza ir embora. Ou ir para HORDÁLIA (um dia eu falo sobre isso) também dá resultado.

Quando a gente está triste e acha que a vida acabou, sempre tem uma Scarlett O´Hara pra nos lembrar que “Tomorrow is another day”. Por isso, a depressão não é uma tristeza, porque nos deprimidos a tristeza não vai embora, não é uma alma que chora e está vendo o nosso fim.

Durante uma depressão, a Scarlett O´Hara não passa de uma imbecil, e isso quando a gente conseque ter a percepção de que ela é uma néscia. Na maioria das vezes a gente olha pra Scarlett como uma coisa tão distante que até consegue ter um pensamento positivo: “Nossa! Quem bom pra ela!”

Para os deprimidos a Scarlett está jogada naquela escadaria com uma esperança sem precedentes, o filme acaba, a TV a cabo é desligada, a medicação já está fazendo algum efeito, ajeita-se o travesseiro e ... tomorrow will be the same day.

Ainda se a gente pudesse tirar proveito desse same day assim como fez o cara do filme Feitiço do Tempo (Groundhog Day, Bill Murray e Andie MacDowell), até que seria legal. Eu queria ter escrito aquele roteiro. Eu queria ter vivido aquela situação. É o máximo isso.

Será que nós, deprimidos, aprendemos alguma coisa durante todo esse tempo de dias iguais?

Será que a Pollyanna ainda continuaria contente vivendo um dia exatamente igual ao outro?

E a Scarlett O`Hara nessa situação? Acho que mandaria o Brad Pitt da época catar coquinho.

Aliás, quem inventou o otimismo sem causa merece passar um ano inteiro brincando de bumerangue.